Guia prático para conduzir as finanças da sua empresa

Por José Rios Rodarte*

A direção financeira de uma empresa é complexa e desafiadora. Assim como em uma viagem de carro, ela requer um condutor habilitado, o planejamento do trajeto e cuidados com o automóvel, sendo sempre necessário utilizar os recursos informativos que estão à disposição do motorista. A analogia, apesar de parecer simples, traz uma série de reflexões sobre a gestão financeira de uma organização.

Em um ambiente de mudanças cada vez mais rápidas, podem surgir cenários nublados, exigindo pessoas mais atentas e preparadas. Então, a partir da análise de índices econômicos, por exemplo, é possível avaliar o momento de investir, de frear ou acelerar, de avaliar custos e até escolher o melhor trajeto. Os caminhos são vários e a capacidade de tomar decisões se torna ainda mais importante.

Para melhorar a capacidade de gestão do seu negócio e não capotar no meio do caminho, confira 10 dicas para o sucesso da sua empresa.

1. Antes de tudo, planeje.
Não adianta se dedicar totalmente à operação da empresa se está caminhando para a direção errada. Defina sua missão e visão, ou seja, por qual motivo sua empresa existe e onde quer chegar no futuro. Tente estimar algumas metas de curto, médio e longo prazo. Pode ser para um, dois ou cinco anos.

2. Separe as contas da pessoa jurídica e da física.
As entidades são diferentes, assim como os gastos. Se no início ficar difícil, considere nomear todas as retiradas para a pessoa física na rubrica adiantamento de pró-labore. Quando chegar o dia do pagamento, receba descontando todas as antecipações.

3. Considere toda informação que tem relação com dinheiro.
Quaisquer gastos ou despesas, por menores que sejam, precisam ser anotados e levados ao conhecimento do seu contador. Faça o mesmo com qualquer receita, seja operacional ou não, nova ou de um antigo inadimplente. Se entrou ou saiu dinheiro, informe para o contador. Não confie na memória.

4. Peça ao contador para elaborar e lhe enviar o balancete mensal ou trimestral, juntamente com o demonstrativo de resultados.
Com essas peças contábeis você poderá fazer avaliações temporais de alguns índices econômicos, além de diagnosticar a saúde financeira da empresa e avaliar se o negócio está gerando valor para você.

 

5. Elabore um orçamento semestral ou anual.
Por mais difícil que pareça, por ser baseado em estimativas, você vai conseguir levantar projeções para suas receitas, custos e despesas. Utilize o histórico que já tem e acelere/aumente as receitas para os meses futuros, mas não acelere tanto os custos e as despesas. Você perceberá o quanto sua margem poderá subir. Compare o valor orçado com o realizado e avalie se as contas estão seguindo o caminho planejado.

6. Elabore um fluxo de caixa com todas as movimentações futuras, principalmente as recorrentes.
Entradas ou saídas pontuais deverão ser estimadas para as suas devidas datas. Ao finalizar o fluxo, caso haja uma sobra relevante, avalie a possibilidade de uma aplicação financeira ou um desconto quando for negociar com os fornecedores. Se a projeção do caixa for negativa, considere a alocação de recursos próprios ou de terceiros (empréstimos bancários). Tomar esses empréstimos sem correria é uma vantagem, pois as cotações poderão ser feitas em diversos bancos, facilitando a escolha das melhores condições.

7. Conheça a necessidade de capital de giro da empresa.
Momentos de pouco fôlego são muito comuns devido à falta de sincronia entre o “Contas a Pagar” e “Contas a Receber”. Normalmente, as empresas pagam aos fornecedores antes de receberem dos seus clientes. A inadimplência é outro fator relevante. Sendo assim, utilize o capital de giro para oxigenar as atividades operacionais e financeiras.

8. Analise fontes de financiamento, se o momento for de expansão ou investimento.
Portanto, evite a distribuição de todo o lucro para os sócios nesses períodos. Faça uma estimativa do investimento necessário e quais serão as fontes de financiamento. Normalmente, os lucros retidos são fontes próprias e mais baratas, quando comparados com recursos bancários.

9. Implemente um software de gestão integrada.
Atualmente, inúmeros programas são disponibilizados na internet gratuitamente e para experimentação. Alguns já oferecem o fluxo de caixa, demonstrativo de resultados, orçamento, controle de estoque, conciliação bancária, entre outros. As versões pagas valem o custo pelo benefício que geram. Basta avaliar a mais adequada ao seu negócio.

10. Invista em capacitação e em aconselhamento.
Algumas etapas poderão ser reduzidas ou até eliminadas na sua caminhada, adiantando as conquistas. Os gastos com esses investimentos são imperceptíveis, considerando os benefícios que eles proporcionam.

*Palestrante, consultor de finanças e professor do programa de MBA do Senac em Minas.

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